Em 2002, por iniciativa do prefeito municipal de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira, foi solicitado a elaboração de um projeto com a finalidade de preservar todo o eixo histórico da cidade, por estar intimamente ligado as tradições locais. Em razão da importância da ferrovia no desenvolvimento de Indaiatuba e sua ligação com a população e a memória histórica, foi solicitado a FIEC a elaboração de um projeto de resgate e revitalização do conjunto de prédios da antiga estação ferroviária, onde o mesmo é escolhido a passar por uma completa restauração, afim de abrigar o Museu Ferroviário de Indaiatuba. A FIEC inicia os trabalhos de pesquisa para buscar uma peça que seria a primeira a fazer parte do acervo do Museu, a qual deveria ser fonte de motivação principal para despertar o interesse de toda população, entendeu-se que uma locomotiva a vapor seria a peça ideal. Através de um longo período de pesquisa e negociação entre a Prefeitura Municipal através da Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC) juntamente com a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que através de convênio firmado em 17/09/2002, cede a cidade de Indaiatuba para fins turísticos e culturais, a Locomotiva nº10 que foi fabricada em 1874 nos Estados Unidos, onde foi adquirida pelo imperador D. Pedro II, fato de destaque na história das ferrovias no Brasil. Em seguida por iniciativa da FIEC é criada a Associação de Preservação Ferroviária de Indaiatuba (APFI), em um trabalho inicial com o envolvimento de ferroviários e moradores de Indaiatuba, na coleta e doações de acervos para o Museu Ferroviário. Também é iniciado os trabalhos de restauração dos prédios da Estação, obra realizada pela Prefeitura Municipal com recursos próprios, o qual é inaugurado em 01/10/2004 denominado Espaço Cultural Estação Indaiatuba Museu Ferroviário.
Atualmente o Museu conta com aproximadamente 500 objetos em seu acervo, todos identificados e registrados. Conta também com instalações de ferromodelismo em escala HO, onde as composições fazem percurso na parte interna e externa do mesmo. O Museu Ferroviário recebe em média 7 mil visitas ao ano, entre moradores de Indaiatuba, de outras cidades, estados e também de países. Sendo atualmente considerado ponto de referencia em nível estadual e nacional. (Ver link relatório de visitas). Também está incluído no circuito de visitas dos projetos “Colhendo Frutos com o Turismo” e “ Passeios da Memória”, realizados pelo departamento de turismo da cidade de Indaiatuba. Outro dado que merece destaque é o grande número de visitas de caráter histórico e pedagógico, uma vez que essas visitas são feitas por grupos escolares, vindo de diversas escolas de nossa cidade, tanto municipais, estaduais e particulares, onde são acompanhadas por monitores e palestras referentes a Preservação do Patrimônio Histórico, importância das ferrovias na nossa história e a criação do Museu Ferroviário. (Ver link relatório de visitas). Também são realizados anualmente dois grandes eventos culturais com o intuito de resgatar tradições: São João na Estação e Natal na Estação, os quais fazem parte do calendário cultural do município. Desde a sua criação, o Museu Ferroviário é administrado pela Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC).
Histórico referente às Estações Ferroviárias da cidade de Indaiatuba
1ª Estação
Em 17 de Abril de 1873 a Cia Ituana de E. F inaugurava oficialmente o trecho ferroviário entre a cidade de Jundiaí até a cidade de Itú, neste mesmo ano abre o ramal de Piracicaba partindo de Itaici passando por Indaiatuba. Em 1875 chega até a cidade de Capivari e posteriormente em 1877 até a cidade de Piracicaba. Porém Indaiatuba ainda não tinha sua estação ferroviária, em função de um desentendimento entre a Cia ituana e a câmara Municipal, sobre a construção do pontilhão na Rua Alegre (Atual 9 de Julho). A Cia Ituana queria construir apenas um bueiro, mas os vereadores não concordaram e solicitaram oficialmente que fosse construído um pontilhão, sem receber resposta a Câmara embargou a obra, mais tarde a Cia Ituana aceitou construir o referido pontilhão, mas como provocação aos vereadores não construiu o prédio para estação. Indaiatuba era somente uma parada no trecho Itaici – Piracicaba da Cia Ituana E.F. Muito importante para os habitantes de Indaiatuba era resolver a questão referente a construção do prédio para Estação. Por volta de1875 a Câmara Municipal, juntamente com a população liderados por Joaquim Emigídio de Campos Bicudo, iniciaram os trabalhos para construção do mesmo, obra está concluída em 1880 que é o prédio menor a direita do atual.
2ª Estação
Em 17/02/1909, a população da cidade com os esforços da Câmara Municipal, enviou uma representação ao exmo. Dr. John Egan, pedindo a construção de um novo prédio para a Estação Ferroviária da Sorocabana Railway em Indaiatuba, cuja obra foi concluída em 1911. O trafego de trens de passageiros pela Estação Indaiatuba, foi até 1976, os trens de carga continuaram trafegando cada vez menos até meados de 1986. Por volta de 1990, com a erradicação do ramal, os trilhos foram definitivamente retirados pela FEPASA. O conjunto de prédios da Estação Ferroviária de Indaiatuba, foi totalmente restaurado pela Prefeitura Municipal, onde abriga o Espaço Cultural Estação Indaiatuba Museu Ferroviário, inaugurado em 01 de Outubro de 2004, administrado pela Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC).
Pesquisa e Texto: José Henrique Dercole
Fontes: - Jornal Estado de São Paulo: Arquivo 17/02/1909 - Sampaio Caio da Costa: “Indaiatuba e o pontilhão da Rua 09 de Julho” – Jornal Votura – publicação Junho de 1993 -Sannazzaro, Silvia Teixeira de Camargo: Livro “ O tempo e a Gente “ editado em 1997. - Giesbrecht, Ralph M. : Site Estações ferroviárias - Dercole, José Henrique: Arquivo Pessoal
Locomotiva A Vapor Nº 10 Dados Técnicos
Ano de Fabricação: 1874 Fabricante: Baldwin Locomotive Works Pais: Estados Unidos Nº de série do fabricante: 3627 Classificação: 4-4-0 Tipo: American Bitola: 1,00 m Diâmetro dos cilindros: 45 cm Curso dos pistões: 40 cm Peso aproximado: 25.000 Kg Comprimento: 12,5 m c/ Tender Procedência: E.F. Ituana e E.F. Sorocabana Restauração: Engenheiro Lincon Palaia, em 06-12-2002 Localização: Indaiatuba – SP Nota: Pertenceu ao imperador D. Pedro II, é a mais antiga locomotiva a vapor americana em condições operacionais no Brasil. Responsáveis: Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC). Pesquisa e texto: José Henrique Dercole
Histórico da Locomotiva nº 10
A locomotiva estava exposta na cidade de Saint Louis, nos Estados Unidos durante as comemorações do centenário de independência daquele país em 1876, onde foi comprada pelo imperador D. Pedro II. Na exposição do centenário, a locomotiva tinha o nome de “America”. Logo que chegou ao Brasil foi batizada de “D. Pedro II”, segundo pesquisador Sérgio Mártire. Conforme dados da época D. Pedro II, teria doado a locomotiva à Cia Ytuana de E.F. Em 1892 ocorreu a fusão das companhias Sorocabana e Ytuana, dando origem a (Cusy) Cia União Sorocabana Ytuana, a bitola 0,96 cm da Ytuana passa para 1,0 m como eram os ramais da Sorocabana. Com a anexação da Ytuana pela Sorocabana por volta de 1905, a locomotiva passou a pertencer a E.F. Sorocabana. Depois de operar na Ytuana e na Sorocabana, em 1920 foi transferida para o trecho Santos – Juquiá onde ficou em operação até 1933, completando assim 60 anos de serviços. Depois de desativada foi transferida para a cidade de Sorocaba apenas para enfeitar os jardins da Administração da E.F. Sorocabana, onde permaneceu até 2002, durante esse período sofreu com ações climáticas e saques de vândalos. Com a privatização de toda a rede ferroviária na década de 90, passou a pertencer a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) que cede em comodato à Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), está por sinal em 17/09/2002 fechou convênio com a Fundação Indaiatubana de Educação e Cultura (FIEC) e a Prefeitura Municipal, cedendo a referida locomotiva para fins turísticos e culturais á cidade de Indaiatuba. A mesma chega em nossa cidade em 06-12-2002, totalmente restaurada para as comemorações do aniversário do município. Sendo a primeira peça a fazer parte do acervo do Museu Ferroviário, o qual foi inaugurado em 01 de Outubro de 2004.
Pesquisa e Texto: José Henrique Dercole
Referente às Ferrovias e sua ligação com a cidade de
Indaiatuba.
ANO - DESCRIÇÃO
1769 - O escocês JAMES WATT
patenteia o 1ª dispositivo de dupla ação e condensador de vapor, tecnologia do
1º pistão do mundo.
1804 - O inglês RICHARD
TREVITICK, constrói a 1ª máquina a vapor.
1825 - O inglês GEORGE
STEPHESON e seu filho ROBERT constroem a 1ª locomotiva a vapor
"LOCOMOTION".
1830 - Em 9 de Dezembro de
1830, INDAIATUBA torna-se por decreto do Imperador sede de uma das freguesias
da Vila de Itú.
1854 - Irineu Evangelista de
Souza o "BARÃO DE MAUÁ", constrói a 1ª Ferrovia do Brasil,
"FERROVIA BARÃO DE MAUÁ" no Estado do Rio de Janeiro.
1867 - Inauguração da 1ª
Ferrovia Paulista "SÃO PAULO RAILWAY, ligando o Porto de Santos à cidade
de Jundiaí.
1872 - Cia. Ytuana E. F.
inaugura o trecho entre Jundiaí a Pimenta, chegando a Itú no ano de 1873.
1873 - Cia. Ytuana E. F. abre
o ramal de Piracicaba, partindo de Itaici passando pela cidade de Indaiatuba.
1874 - Ano de fabricação da
Locomotiva à vapor Nº 10 que pertenceu ao Imperador D. Pedro II, atualmente em
exposição no Museu Ferroviário de Indaiatuba.
1875 - Inauguração da E. F.
Sorocabana, partindo da cidade de São Paulo até Sorocaba, chegando a Fábrica
Ipanema no ano de 1877.
1880 - Conclusão do prédio da
1ª Estação Ferroviária de Indaiatuba.
1892 - União das companhias
Sorocabana e Ytuana, passando a denominar-se CUSY (Companhia União Sorocabana e
Ytuana).
1897 - A E. F. Sorocabana
incorpora os bens da Cia. Ytuana de E. F..
1907 - Sorocabana Railway
manteve-se em operação no tráfego ferroviário na cidade de Indaiatuba até o ano
de 1919.
1911 - Conclusão do prédio da
2ª Estação Ferroviária de Indaiatuba.
1919 - E. F. Sorocabana
manteve-se em operação no tráfego ferroviário na cidade de Indaiatuba até o ano
de 1971, e posteriormente FEPASA.
1976 - Fim do tráfego de Trens
de Passageiros em Indaiatuba.
1977 - Fechamento da Estação
Ferroviária de Indaiatuba.
1986 - Fim do tráfego de Trens
de Carga em Indaiatuba.
1990 - Retirada dos trilhos
pela FEPASA no município de Indaiatuba.
2002- Chegada em Indaiatuba da
Locomotiva à vapor N°10.
2004- Inauguração do Museu
Ferroviário de Indaiatuba.
Pesquisa e texto: JOSÉ HENRIQUE DERCOLE
Horários de Visitação:
Terça, Quarta, Quinta e Sexta: 8:00 às 12:00 hrs e das 13:00 às 18:00 hrs
Sábado e Domingo 9:00 às 12:30 hrs
Fechado às segundas-feiras
Escolas, Grupos para visitas, Agendar através do telefone (19) 38164917 com antecedência.
Todas as estações possuíam o Telégrafo, sendo um meio de comunicação eficiente
para longas distâncias da época, utilizando o código Morse. Os telégrafos eram
padronizados pela Companhia Ferroviária. Aparelho utilizado nas Estações
através do qual se efetuava as transmissões ou receptação de mensagens à longa distância
por meio de sinais inventado pelo norte americano Samuel F. B. Morse
Molas utilizadas na
suspensão de vagões de carga e passageiros, com 23 cm de altura, com 8 cm de
diâmetro; 16 cm de altura com 10 cm de diâmetro e 23 cm de altura e 14 de
diâmetro, com aproximadamente 3 kg, 6kg
e 10 kg.
Utilizado em serviços de manutenção
de vias férreas para descarregar britas (pedras) transportadas em carros ou
troles no leito da via férrea. As pedras eram transportadas em vagões e a
utilização do garfo era um meio eficiente para distribuição das pedras sobre os
trilhos.
Utilizado para rachar
madeira (lenha) utilizada para alimentação das fornalhas das locomotivas, com
ranhuras específicas para aderência junto da madeira a ser cortada.
Ferramenta com duas
extremidades, uma arredondada para socagem de britas entre os dormentes e outra
na forma de talha para cavar, bem como era utilizada como alavanca para uma
pequena movimentação dos trilhos sobre os dormentes.
Ferramenta utilizada para
colocação de trilhos seguindo o padrão de bitolas, utilizada por engenheiros e
funcionários para padronização da medida entre os trilhos.
Utilizada nas estações e
pátios, delimitando uma distância segura para que os trens pudessem transitar
próximos, sem causar colisão, de cor amarela para evidenciar atenção na
condução de locomotivas pelos maquinistas.
Os funcionários
da via permanente que construíam e mantinham a ferrovia, geralmente dormiam num
carro ou vagão, principalmente em ambiente fechado e utilizavam a lamparina e
não o lampião... para iluminação dos ambientes, devido a falta de energia
elétrica.
Utilizado nas rondas pelo pessoal da via permanente, indicando possíveis ocorrências no trajeto antes da passagem da composição ferroviária, tais como trechos afetados por erosão de águas pluviais, animais no trajeto, queda de árvores sobre os trilhos, sinalizando também as manutenções efetuadas pelo pessoal da mesma via(colocação de britas, etc) entre as divisas, identificadas por Turmas.
A composição ferroviária, recebia em cada Estação, um bastão de Staff, que o chefe local entregava ao maquinista junto de um arco redondo, com o bastão, para prosseguimento no trajeto do trem, facilitando essa entrega ao maquinista.
Utilizado para correspondência entre as estações, com o transporte de documentos, ocorrências, com a sigla “EFS” (ESTRADA DE FERRO SOROCABANA), com a finalidade de proteção do documento; durante o transporte realizado na Turma 6, Estação de Itaici.
Na aproximação da chave de desvio de uma estação ou de um pátio, a placa de sinalização denominada “Entrada de chave” sinalizava ao maquinista da composição ferroviária a velocidade permitida na entrada da referida chave de desvio
Placas utilizadas para
informar a quilometragem do ramal ferroviário, afixadas em pedaços de trilhos a
1,5 m de altura, ao lado da linha férrea. A placa “177” deveria referir-se à
quilometragem nas proximidades da Estação de Elias Fausto e a placa “232” nas
proximidades da Estação de Piracicaba.
Chave inglesa utilizada na via permanente para atarraxar a finalidade de afixar
a talha ao trilho.; na fixação de porcas para unir as talhas e trilho e também
no serviço que demandaria serviços mais pesados dentro da ferrovia.
Utilizado para movimentar portão (porteira) para impedir o trânsito nas
passagens de nível. Movimentando sobre os trilhos na posição horizontal.
Utilizado também nas oficinas para base de carros pequenos de transportes de
materiais, sobre trilhos.
Torno de bancada utilizada nas oficinas de manutenção das ferrovias, principalmente
na parte de ferramentaria, para fixar materiais a serem trabalhados.
Utilizado para posicionar os trilhos para a esquerda ou direita, conforme a
chave era acionada manualmente do centro para as extremidades. Todos os trilhos
eram ligados nessa peça.
Placa de sinalização para combate a incêndio, com a seguinte transcrição em
letras maiúsculas brancas, em fundo vermelho: “A VÁLVULA DE INCÊNDIO ACHA-SE EM
FRENTE DESTA PLACA”. Utilizada para indicar a válvula de acesso a água para o
combate ao incêndio, geralmente encontrada em oficinas e carpintarias das
ferrovias.
Os bancos eram dispostos de
maneira a ficarem enfileirados um atrás dos outros, ou perfilados ao lado das
janelas. Os bancos eram feitos com a junção de ripas de madeiras entrelaçadas
com um cinto de metal.
Peça similar a uma picareta,
porém com função diferenciada de “socar” pedras, utilizada nas vias férreas
utilizada para socar as pedras abaixo dos dormentes para dar estabilidade ao
dormente, com um bico largo, adaptado para socar as pedras. Ferramenta
utilizada para socar britas (pedras) abaixo dos dormentes.